crônicas

Ensurdecido pela confusão de tédio e sons típicos dos domingos imaginava a grandeza do mundo. O tédio preso em salas cheias de familiares que já não se agüentam de tanto convívio. Nesse tédio repousa um amor cansado e repetido.
Assim o domingo acorda. Pedro acorda. Não levanta. Deixa-se deitado até que os sons do domingo lhe abram os ouvidos, os olhos e as lembranças. É o dia da melancolia permitida. O primeiro gosto da bebida veio da música do vizinho.
Levantou-se. Banho. Café amargo.
Ligou o computador e deixou tocar Cartola, Milton Carlos e outras saudades. Em pouco tempo tinha nas mãos uma taça de vinho. Estava sentado a olhar o vazio. Perdido numa imensidão de imagens que os versos traziam.
Cheiros e sabores. Saudades passeavam na sala. Davam-lhe beijos, passavam-lhe a mão nos cabelos. Davam risadas. Um vinho, uns versos e umas saudades.
Depois do farto almoço. Já tarde da tarde. Meio ébrio em paz com as próprias saudades bailava no meio da sala com uma taça na mão. Cantarola um samba de domingo num dia já quase acabado.

gritos a fora