liga o computador. olha a sorte no moderno oráculo que o senhor orkut lhe apresenta. sorriso cúmplice - não sabe se crê, mas espera que ele não esteja de todo errado. o sonolento corpo lhe resiste a saída. ligações telefônicas. um cigarro - é preciso parar de fumar, como é preciso fazer um monte de coisas. apetrecho às costas e um desejo de esvair-se no próprio desejo. a sobriedade contem as primeiras palavras. vítima de incontidas manifestações de afeto, retorce o corpo para um lado e outro, suspira em desalento e desejo.
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segue. leva-se a noite aos goles e filosofias ébrias. jargões poéticos enfeitam a mesa. colorido aos olhos. mais cigarros. uma rua escura, vítima do perigo que trazemos à cabeça. aberta a porta, casa adentro, música e um cardápio inventado ao sabor das possibilidades, que a madrugada tempera. outro acesso. outra sorte. um recado, "a sorte vem ao seu encontro", diz-lhe. e o que dizer?, não sabe. radio uol, gal fatal embala um e outro cigaro. outro suspiro:
- os suspiros são dela, ele os exprime.
canta gal, "meu coração não se cansa de ter esperança de um dia ser tudo que quer"
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diz-lhe uma amiga a verdade de sua inércia, ou excesso de colorido. e como responder recados? postar comentários? canta gal, "tente passar pelo que estou passando". as promessas não são de todo infundadas, isso ele sabe. outro suspiro.
- case-se comigo, sem casa, comida ou roupa lavada, ele diz-se.
o corpo recosta-se ao sofá, dali a pouco estará dormindo, imerso em suspiros, dizendo ao próprio sono o que amanhã não lembrará. até que ponto a força de suas promessas está condiconada à crença dela?
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todas as promessas são vãs
eu cria se ela cresse
a felicidade pode ser apenas
um cheque sem fundos
numa noite inacabada
- não acordemos para descontá-lo
:
4 comentários:
'a felicidade pode ser apenas um cheque sem fundos'
o que eu posso te dizer?
dias felizes pra sempre.
por que não!?
abraçuuuuu
"é preciso parar de fumar, como é preciso fazer um monte de coisas"
que obrigações são essas impostas por nós a tentarmos sermos nós... o texto me fez ter perguntas, um bom sinal de funcionamento do meu cerebro... nada de respostas, não é essa a coisa, não é isso no fim da estrada infinita... perguntas sem respostas? sim sim sim... é bem mais proximo.
belas palavras, casuais, sem olofotes... aconteceu alí, com alguém que não sabemos.
ou seria com alguém que não conhecemos?
só se conhece o que sabe?
ou só se sabe o que se conhece?
... hum, fico com sua frase e com essa sensação vibrante de despreocupação, quase um dsleixo com qualquer coisa séria.
belíssimo post, primeira vez que adentro por esses teus mundos. gostei.
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