Across The Universe

Agora toca Across The Universe e eu não sei dizer o que sinto - e essa construção frasal é horrível - eu sei dizer sim, são palavras e aromas, é fotografia antiga, é perfume de uma antiga namorada, é andar à rua depois de uma chuva às seis da tarde. Across the universe é uma música especial e espacial, é um hino à vida, é uma sinopse de Nietzsche, é um andar pelo meio do nada em descampado, é pôr do sol.

Por volta da duas horas da tarde, enquanto alguns dormiam e outros haviam saído, levanta-se o Alexandre e põe o album Let it be, e começa a bailar no meio da sala enquanto eu, sentado a uma cadeira de rodas, olhava o tempo lá fora, entrepassado pelo bailado do Alexandre, aquilo era um poema de Rimbaud, "e nada mudará o meu mundo" (sic). Essa música nunca mais me saiu da cabeça. Escuto-a todas as vezes que ligo o computador, toda vez que estou a me vestir para sair de casa, é uma oração, um pedido e uma afirmação aos céus de que nada pode mudar meu mundo.

E agora a Nasa resolveu mandá-la ao espaço.

Hoje, em cada pedaço de asteróide pode-se ouvir numa esquina espacial, tomando uma cerveja sideral, Across the universe e ficar a cantar, ou deixar que o corpo cante a vaguear por estrelas e estradas, campos, ruas e pedaços de nuvem.

Minha vida poderia acabar ao fim de um acorde de Across the universe...

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Meu álbum de fotografia

canta

enquanto vejo que o mundo é um monte de lembranças

e meu mundo

minhas fotografias e meus perfumes,

que aperto os olhos fechados para emergir de sombras

e sonhos,

é uma paisagem alaranjada

com árvore torta

umas pedras pra se sentar

e um horizonte pra ver

enquanto ouço uma canção

que fala do meu inabalado mundo

.

É a paisagem que carrega minhas vistas por aí.

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É mundo que eu guardo por toda parte.

.JH

Teresina/ 09/ 02 / 2008

21: 09h.

Ps. Esta postagem eu dedico a Alexandre.

Pss. Quem ouve Across the universe nem sabe o que é livro de auto-ajuda

Psss. Ouçam-na todos os dias...