um prosa
ai tocou Chico Buarque
e
eu quis uma poesia
um Maiakovski
e
num assopro final
um cachorro
uma bossa
Uma janela ouve FM no meu quarto sob meus olhos
que
tensos
e
tortos
embriagados de um frio madrugueiro
que
aos silêncios sons da noite acorda
espreita por mim
.
O céu parece mais fundo
e
todo pequeno barulho parece um grito na paisagem
um grito de Munch
é meu soluço e minha festa
à madrugada toda música parece ter mais memória
à madrugada não dá pra ouvir música e não lembrar
o que seja, for
.
Com insônia ou muriçoca
ninguém pode:
- terminar um sonho
ou
um verso
.
Eras e idades se nos cruzam
Já tenho quase a metade da idade que deverei ter até o fim
ou até onde estiver de butuca
Já sou quase responsável
mas ainda não esqueci de sorrir
.
O que primeiro nos carrega a noite?
- a luz do poste acesa;
- o canto do galo;
- o desespero das galinhas que chegam ao abatedouro do Fofão;
- o trânsito de carros e poucos pedestres;
- o ônibus que acorda o dia (o último Corujão);
- ou:
apenas um céu indefinido, como me disse a Flaviane
.
Um quarto iluminado despeja todas as cores em nossas vistas
e
a rua claro-escuro de postes insinua uma fotografia amarelada
.
Não sei o que mais tem a noite
se um colorido bruxulento
ou
um som aumentado
ou
um tapa na testa outro no braço a espantar muriçoca
ou
ao fim de uma canção
ouvir a hora certa:
- Teresina FM, três horas.
.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário