
- essa música é massa...
- é.
- eu adoro essa banda...
- eu também. Quer dizer eu gosto da banda que fez a música. Essa cópia é só mais uma cópia. Pálida e sem vida, feito todas as cópias...
- mas é legal.
- legal? Legal não diz nada. Não quer mesmo dizer nada. Legal me parece mais uma zombaria que um elogio.
- pode ser...
- tu conhece alguma grande banda cover que entrou para a história?
- ... não...
- nem eu, mas o foda é que parece que só eu percebo isso.
- mas é bom de ouvir numa festa, pra dançar, e tal...
- isso é carência, meu caro... ouça seus CDs em casa. Não temos tanto tempo de vida assim pra perder tempo consumindo quentinha musical.
- e porque que tu tá aqui?
- sei lá, vim me divertir olhando a agonia de uma imitação.
- agonia?
- é. Olha aí, o cara tenta tocar igual, se mexer igual, coçar os ovos igual, suar e tirar o suor da testa, do mesmo jeito, isso é muito divertido, apesar de ser agonizante.
- de certa forma... mas o público gosta.
- o público? A que se exploda o público, que vão curar suas carências em casa. A vida é única e urgente. Artista tá virando mico de circo, fazendo as maiores estripulias pra arrancar um sorriso do público. Isso é bastante sádico...
- tua acha?
- não sei. Talvez eu seja apenas mais um chato na festa. Mas sinto que não há sentido nisto tudo.
- em quê?
- em toda essa xérox. O mundo se move com o novo. Com o gozo da criação, a epifania, a iluminura. Me sinto num eterno retorno, vendo o Nietzsche tapar o ouvidos, sofrendo com essa música muito mais que com as dores de cabeça.
- pode crer, essa é boa.
- que se dane se o público é covarde, o novo sempre vem, como diria Belchior. Com medo ou sem medo é preciso saber que o novo sempre vem. A vida é urgente!
- a vida é urgente, isso é verdade.
- então vamos sentar e beber alguma coisa. Em casa eu escuto essa música.
- de boa. Tu tem este CD?
- acho que sim, se não tiver emprestado.
- beleza. Copia pra mim depois.
- na hora... esse tipo de cópia ta valendo.
:
2 comentários:
rum, hum hum! sei não, mas eu não removi comentário porra nenhuma! a internet tbm pode nos causar medo... mas vamos lá, resumindo, rememoro o q já disse uma vez antes: > não se constrói cultura musical tocando hits pra animar platéias de boate, tampouco, ainda, cantando artista morto, se é q eu esteja sendo entendido.<
Postar um comentário